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“FIM DE ANO”: Asilo convida população para visitar idosos abandonados

Postado Dia novembro 29th, 2018

Instituição de Porto Velho espera atrair pessoas da comunidade para visitar idosos que foram abandonados pelas famílias

“Antonina Greciuk (nome fictício), quer uma geladeira de presente de Natal. “Mas um sapato igual a este também seria bom”, conta, indicando a sandália de borracha cor-de-rosa nos pés. Ela é uma entre os 29 idosos que vivem no Asilo Casa do Ancião São Vicente de Paula, localizado na esquina das ruas Paulo Leal com Tenreiro Aranha, em Porto Velho. Ela tem 94 anos e é uma entre as dezenas de idosos que vivem em instituições de longa permanência da cidade e não recebem visitas.

Para ela, assim como tantos outros idosos, as festas de fim de ano não serão em família. “Eu não sinto falta. Tenho muitas amizades aqui. Chamo a assistente social de mãe, o motorista de irmão”, conta. A maior parte deles está há anos sem contato com parentes, por uma série de razões. Preocupada com isso, a direção da casa estimula visitas da comunidade, seja por organizações não-governamentais, grupos religiosos ou escolas.

O São Vicente tem uma agenda para visitas ao longo do ano. Projetos sociais de escolas, igrejas, empresas e ONGs têm colaborado para reduzir o impacto da falta de familiares no local. São 29 idosos sob seus cuidados – 6 mulheres e 23 homens, e apenas 2% recebe familiares com frequência. No fim de ano, o asilo promove a campanha ‘Visite um Idoso’, para garantir que no Natal, alguns grupos se reúnam para alegrar os idosos.

“Eles acham que eu não existo mais”

Eles chegaram à instituição de diferentes maneiras – levados pela família há muitos anos, por vontade própria ou, mais recentemente, encaminhados pelos departamentos de assistência social do governo e prefeitura. Alguns deles, nunca foram procurados pela família, e estão lá até hoje.

Roberto Águia é solteiro, não teve filhos e seus irmãos já morreram, mas ele conta que tem parentes pela região. Ao ser questionado sobre a ausência deles, resume: “eles acham que eu não existo mais”. No local, eles se envolvem com os grupos que promovem atividades como dança, música, bingo e lanches. A rotina de alguns é cuidar do quarto, do jardim da instituição e conversar.

Nos finais do ano, a procura de voluntários pelo São Vicente aumenta, segundo a diretora Sandra Savegnado. “Muita gente está se mobilizando não só para trazer presentes, mas coisas de que precisamos, como fralda e comida”, explica.

Segundo ela, há situações de abandono, e outros que perderam o contato com familiares por questões de violência doméstica ou alcoolismo. “Mais da metade não tem família, por isso permitimos que igrejas, Ongs e grupos de empresas venham até aqui para ajudar. Não pedimos que tragam nada, mas eles sempre acabam ajudando voluntariamente. Além disso, eles acabam fazendo bem aos idosos que tem a oportunidade de conversar e sentir amado coma a atenção dada pelos voluntários e visitantes,”, diz Sandra.

Solidão e abandono

A diretora da Casa do Ancião, Sandra Savegnago, explica que o baixo índice de visitas tem duas causas principais. De um lado, o fato de a família dos idosos já ter falecido, por exemplo. De outro, está a falta de interesse em procurá-los, pelo rompimento de vínculos afetivos. “Alguns não recebem visitas porque os familiares são negligentes. Assim, a sociedade civil acaba visitando mais”, afirmou.

De acordo com ela, a solidão e a falta da presença familiar têm consequências para a saúde psicológica dos idosos. “Independente de ter sido ou não um bom pai, uma boa mãe, é horrível pensar que foi abandonado, o que causa melancolia, depressão, e principalmente o sentimento de rejeição. E há a expectativa. Muitos idosos dizem a todo tempo ‘Eles vão vir, neste fim de ano eles vão vir’. Eles criam uma expectativa como uma defesa emocional para lidar com a solidão e abandono”, completa Sandra.

Fonte: Rondoniaovivo.

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